O que fazer e não fazer após um aborto

O que fazer e o que nao fazer apos um aborto

Por Belinda Munyeza.

O aborto – seja ele realizado com medicamentos, com pílulas em casa (1), ou dentro de uma clínica, através de aspiração a vácuo (2) – é um procedimento que também requer tempo e cuidado para recuperação. Embora ambos os métodos com pílula ou cirúrgico sejam seguros, quando feitos com orientação de uma pessoa qualificada, e mesmo que o processo de recuperação seja relativamente simples se comparado com outros procedimentos, ainda é muito importante ter apoio nesse período pós-aborto para evitar quaisquer problemas. Além disso, é importante cuidar de si para garantir que o processo de recuperação pós-aborto seja mais fácil, quando não estiver tendo um acompanhamento de um profissional de saúde.

Para a maioria das pessoas, as complicações pós-aborto são raras e apresentam apenas efeitos colaterais mínimos. Entretanto, quando se trata de lidar com esses pequenos efeitos colaterais, a falta de informação sobre o que fazer e o que não fazer pode piorar o desconforto e também levar a complicações. As informações seguintes são úteis para guiar o que fazer e o que não fazer no após um aborto e garantir uma recuperação tranquila.

O que fazer nos cuidados pós-aborto

Uma das principais recomendações após um aborto que uma pessoa pode receber de sua ginecologista ou profissional de saúde é a orientação quanto à contracepção. De acordo com a médica de saúde pública, Paula H Bednarek, a orientação quanto à contracepção envolve uma análise dos seus contraceptivos preferidos e a oferta de outras opções para que você possa fazer a melhor escolha a curto e a longo prazo (3). Uma vez que a ovulação normalmente ocorre em 21 a 29 dias após um aborto, a orientação sobre contracepção pode ser de grande ajuda no pós-aborto, pois permite que a pessoa se programe e evite uma potencial gravidez enquanto ainda estiver no seu processo de recuperação (3). É recomendado consultar a uma ginecologista ou um professional de saúde para orientação sobre métodos contraceptivos pós-aborto, caso isso não seja oferecido de imediato.

Além disso, existem ações de autocuidado pós-aborto que você pode fazer em casa. De acordo com a Healthline, você pode sentir um pouco de desconforto ou efeitos colaterais depois de abortar, como cólicas abdominais, cansaço e náusea (4). Você pode praticar seu autocuidado e aliviar esses efeitos colaterais de várias formas, como usar bolsas de água quente para cólicas, tomar bastante água, principalmente se tiver enjôo, e também reservar uns dois dias para ficar em casa e descansar (4).

Em relação à medicação, tomar o que for indicado por sua ginecologista ou profissional de saúde também é algo importante no seu autocuidado pós-aborto. A Planned Parenthood recomenda alguns remédios essenciais, como Ibuprofeno para dor e cólicas (5). No entanto, quando o assunto é remédio, é sempre bom confirmar com o seu profissional de saúde a respeito do que tomar para alívio dos sintomas.

Outra indicação é monitorar os seus sintomas e avisar imediatamente a sua ginecologista se algum deles for exagerado. Dores/cólicas intensas, sangramento excessivo e febre podem ser sinais de complicação, e avisar o seu profissional de saúde permite que você receba o tratamento adequado o mais rápido possível. O sangramento é considerado excessivo se você encheu dois absorventes externos grandes por duas horas seguidas. Uma febre de 38o Celsius (ou 100,4o Fahrenheit) também é considerada um sinal de alerta importante (5). O excesso de dor pode ser mais difícil de mensurar, mas se você sentir dores ou cólicas que considera extremas, você deve contactar o seu profissional de saúde.

Também é importante reconhecer que o processo do aborto e sua recuperação podem gerar uma sobrecarga emocional. Outra forma de autocuidado à qual você pode recorrer durante a recuperação é chamar pessoas do seu círculo social que possam estar por perto para te ajudar e te dar maior apoio emocional. Evitar atividades estressantes na primeira semana pós-aborto, como trabalho intenso ou quaisquer tipos de preocupação, também podem ajudar nesse aspecto, pois permitem que você se recupere tanto física quanto emocionalmente.

O que não fazer nos cuidados pós-aborto

Voltar a atividades intensas, fazer exercícios físicos pesados ou se envolver em qualquer atividade fora do seu habitual na primeira semana pós-aborto podem ser contraindicados, uma vez que, quando realizados muito cedo, podem aumentar as dores e o sangramento, retardando o processo de recuperação (6). Outro fator que pode atrasar uma recuperação é o surgimento de uma infecção. Para se prevenir, a recomendação é evitar qualquer imersão em água, seja em banheiras ou piscinas, e evitar o uso de ducha higiênica, pois essas práticas podem levar a infecção (7). Também é recomendável evitar sexo com penetração vaginal e o uso de absorvente interno, coletor menstrual ou qualquer outro objeto na vagina durante os primeiros dias ou semanas pós-aborto, uma vez que podem aumentar risco de infecção (7). Se você usa anel vaginal como método contraceptivo, é uma exceção, pois não aumenta risco.

Outra coisa que se deve evitar no pós-aborto é o uso de antibiótico, a menos que ele seja receitado por um profissional de saúde. Tomar antibiótico não é algo necessário ou indicado, a menos que o profissional de saúde identifique de fato uma infecção ou risco iminente (8). Se o profissional receita um antibiótico, aí sim você deverá tomá-lo. Caso contrário, poderia não ser indicado ou mesmo atrasar sua recuperação.

Em geral, com exceção de alguns efeitos colaterais menores, o processo de recuperação pós-aborto não é muito complicado ou desagradável. A maior parte do desconforto pode ser administrada com uma dose adequada de descanso, cuidados e remédios. Se você consultar sua ginecologista e cuidar de si de acordo com as orientações propostas por ela e com as dicas acima, você deverá se recuperar rapidamente.

Confira o que fazer e o que não fazer depois de um aborto.