Graças a ferramentas digitais como apps e redes sociais, é cada vez mais fácil o acesso à informação e a conexão com pessoas ao redor do mundo, sem importarem as distâncias físicas. Mas mesmo com tanta inovação tecnológica, falar sobre aborto seguro e direitos reprodutivos na América Latina segue um desafio. E nós adoramos um bom desafio.
Assim, a safe2choose atendeu prontamente ao chamado da iniciativa IDEA, o primeiro Fórum sobre Inovação para os Direitos Reprodutivos na América Latina. Em novembro de 2017, embarcamos para Quito, Equador, e nos somamos a equipes criativas e inovadoras de toda a região. Todas unidas pelo uso das mais avançadas ferramentas tecnológicas em prol da saúde sexual e reprodutiva.
Tínhamos uma única pergunta em mente, a mesma que nos acompanha desde a criação da safe2choose. Descobrir como informar cada vez mais mulheres sobre seus direitos reprodutivos, ao mesmo tempo em que facilitamos o acesso a serviços que promovam a saúde e autonomia reprodutiva de nossas usuárias.
Viaje conosco. Submerja-se na realidade aumentada que nos coloca na pele de uma mulher a caminho de uma clínica da Planned Parenthood, nos Estados Unidos, para fazer um aborto e é recebida com gritos de “Malévola! Jezebel! Feminista!” (do inglês “Wicked! Jezebel! Feminist!”). Escute o depoimento da mulher sobreviveu a um câncer e a uma menopausa prematura e decidiu fundar a Unbound, uma start-up feminista de produtos sexuais voltada especialmente para mulheres. Conheça o app Bwom, um coach virtual para saúde íntima cujo mantra é “mais orgasmos, menos consultas” – em inglês “an orgasm a day keeps the doctor away”.
Ao lado destas iniciativas talvez “mais tecnológicas”, estão aquelas que nos conquistam sobretudo pelo conteúdo. Direto, simples e absolutamente sensacional. YouTubers que viralizam ao falar com humor e ousadia sobre a autonomia das mulheres em países latinoamericanos repletos de conservadorismo, como Las Igualadas (Colômbia), Sexo Sin Vergüenza (Nicarágua) e (e)stereotipas (México). A campanha de Miles Chile que desafiou o status quo e rompeu o silêncio dos meios de comunicação chilenos sobre o aborto. O movimento que começou na Argentina e se espalhou por toda a América Latina com um só grito e hashtag: #NiUnaMenos.
Esses dias nos confirmaram que é, sim, possível desafiar o senso comum e disputar as narrativas sobre o aborto seguro e a sexualidade feminina. Com orgulho, a safe2choose contou um pouco de sua própria experiência pela despenalização social do aborto, por meio do acesso à informação e a serviços de saúde na América Latina.
Apresentamos o trabalho de nossa equipe de conselheiras especializadas em oferecer um suporte livre de preconceitos ao aborto médico, algumas de nossas soluções tecnológicas criadas por experts em segurança digital para proteger a privacidade de nossas usuárias ao mesmo tempo em que facilitamos o intercâmbio de informações e, obviamente, nossas campanhas sociais realizadas em parcerias com diversas organizações mundo afora.
É urgente falar sobre o aborto como algo natural, capaz de ocorrer com qualquer mulher. Como uma experiência que às vezes é dramática, outras vezes um feliz alívio, e sempre legítima. Precisamos enxergar o aborto não apenas como uma questão de saúde pública, mas principalmente sob a ótica da autonomia das mulheres. Assim como tudo o que diz respeito a nossa saúde sexual e reprodutiva.
Saímos deste encontro entusiasmadas e, sobretudo, desafiadas e motivadas a seguirmos inovando. Não podemos deixar de agradecer à Planned Parenthood Global pela IDEA: obrigada e contem conosco. Até a próxima!
Por Mel y Michell